CRÔNICA Nº 15
O Sábio e o Jovem
Não, esse não é mais um texto que vai travar um desafio entre o jovem e o sábio. Nem vamos apresentar aqui nenhum conhecimento espetacular de um sábio, que iria te deixar de queixo caído, pensando logo em compartilhar esse texto com alguém.
Isso você até pode fazer se gostar do que vai ler a seguir.
Vamos tratar desse tema tão interessante, de uma forma um pouco diferente.
Primeiro vamos analisar cada um desses personagens:
O Jovem é vigoroso, inteligente, desbravador. Além disso é um revolucionário e sonhador . Tem anseios de mudar o rumo das coisas, o jeito de se pensar e fazer. Ele não quer de maneira alguma ser um repetidor de velhos hábitos e costumes, ele quer mudar. Ele anseia por mudanças. Só que ele não sabe como fazê-las, como selecionar, como avaliar o que realmente precisa mudar, ele quer mudar tudo. E nem tudo precisa ou deve ser mudado. Mas tudo deve ser apreendido antes de ser mudado.
O sábio é um homem vivido, experiente, ou até um homem já idoso, que não tem mais o vigor físico, mas que tem o conhecimento, a sabedoria, a inteligência adquirida com as experiências, ou seja uma inteligência pragmática, de quem já acertou muito na vida, e que também muito já errou. Conhece o caminho das pedras.
No entanto o sábio tem uma certa resistência para mudanças, prefere conservar o que já está dando certo. Se elas ocorrem, até consegue se adaptar a elas, mas ele mesmo não as provoca.
Agora vamos analisar os dois de uma forma um pouco diferente.
Como cada um dos personagens enxerga o outro :
O jovem enxerga o sábio como alguém que tem ideias esquisitas, que ele não entende e por isso não aceita, as rejeita antes mesmo de refletir sobre elas. Não considera que o sábio seja sábio de verdade, pelo contrário, ele o vê como um idoso apenas. Alguém que viveu numa época que não existe mais. O mundo já mudou, e ele esqueceu ou não foi avisado. Ele está ultrapassado!
Age como se ele próprio fosse sábio. Tem opiniões formadas sobre tudo, ideias revolucionárias e quer no mínimo tentar coloca-las em prática, mesmo que venha a cometer erros. Não imagina que muitos deles podem trazer consequências duras para sua vida.
Ele também quer fugir dos domínios do sábio que muitas vezes é quem o protege, mas o jovem encara como um controle.
Ele pensa ainda que o sábio, é um dominador, que atrapalha sua vida, seus projetos, seus ideais, sua liberdade.
O Sábio por sua vez, enxerga o jovem como um jovem que tem seus impulsos, que está cheio de vigor físico e motivadores para transformar o mundo. Ele sabe da importância desses impulsos e motivação para o mundo.
O sábio sabe muito bem que precisa preparar o jovem para quando chegar o momento em que ele vai poder pelo menos tentar transformar esse mundo em que vive. O sábio sabe que não é sábio, ele sabe que não sabe de nada, mais ao mesmo tempo, ele sabe que a vida lhe deu conhecimentos . sabe que deve continuar aprendendo com tudo e com todos, até mesmo com o jovem, que muitas vezes trás consigo alguma sabedoria em suas idéias e intuições.
Essa dualidade é que faz dele um sábio. Aprendeu com os erros do passado, quando ainda era jovem , quando pensava saber de tudo, portanto ele compreende o jovem.
O jovem e ao sábio, vale destacar é o encontro perfeito. Um possui o vigor, o frescor da vida, os sonhos a vontade. O outro possui o conhecimento, a experiência da vida, aprendeu a dosar as emoções, os impulsos . Sabe a hora de fazer e a hora de esperar.
Como se um fosse o avião, pronto para decolar, com suas turbinas ligadas, mas ainda sem o piloto. O outro, é o comandante da aeronave. Um comandante experiente, que possui muitas horas de voos, sabe decolar e sabe aterrissar. Já enfrentou muitas turbulências, mas sempre conseguiu pousar e salvar a tripulação. No entanto, ele precisa do avião e da companhia aérea para exercer seu ofício.
O jovem está dentro do sábio e este, sabe muito bem disto e o reconhece. Representa o seu passado, sua juventude. O sábio está dentro do jovem, mas este ainda não se apercebeu disso, é o seu futuro, uma fase que ainda não viveu.