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Vidas Compartilhadas

em terça-feira, 7 de março, 2017
Vidas Compartilhadas

As Ratoeiras das Redes Sociais.

Houve um tempo em que a privacidade era algo que se preservava e que qualquer tentativa de se saber a respeito da vida alheia poderia desencadear desde conflitos armados até contendas judiciais. Entretanto, os tempos mudaram e certos limites éticos já não existem mais.

A vida de personalidades tem sido chafurdada por porcos vorazes que alimentam a curiosidade em bisbilhotar as mais íntimas informações dos que trabalham utilizando sua própria imagem. Por essa razão, essas pessoas acabam tendo várias vidas paralelas, regidas por falsos deuses que temperam a existência de suas vítimas de acordo com seus interesses, colocando-as em pedestais ou aprisionando-as em fétidas masmorras.

Essa prática de querer se intrometer na vida dos outros, embora antiga, foi reforçada pelas mídias digitais, hoje é possível proliferar uma fofoca virtualmente quase que na velocidade da luz e uma pessoa pode ir do céu ao inferno em frações de segundos.

As redes sociais acabaram engrossando o filão de ferramentas usadas para o endeusamento ou a difamação de qualquer ser humano. Já não é necessário mais ser uma personalidade para que isso aconteça, basta um motivo, mesmo que banal. Infelizmente, a tecnologia das redes sociais também se presta para esse fim.

São inúmeros os casos compartilhados digitalmente, muitos deles, por ferramentas como o Youtube, temos como exemplo: o menino australiano que se revolta por sofrer bullying e espanca o agressor, atiradores que invadem escolas nos EUA e são flagrados por celulares, execuções sumárias que acontecem no Oriente Médio, estupros que ocorrem com meninas na África por elementos das milícias ditatoriais, enfim, a privacidade praticamente não existe mais. Os cidadãos comuns se transformaram em paparazzis e expõem qualquer um em situações humilhantes, vexatórias, degradantes, pelo simples fato de querer exibir o que conseguiu presenciar.

O Facebook, embora cercado de recursos tecnológicos tenta impedir esses abusos por meio de filtros, mas são frequentes os casos de ofertas de pornografia, de exposição gratuita e de extorsão que invadem essa mídia social. Para efeitos de comparação, o que antes tinha maior foco no indivíduo, hoje disputa espaço com empresas e profissionais que se valem desse recurso como meio de se realizar negócios, o Facebook se transformou em uma forte ferramenta profissional e um fomentador de ações, isso porque a política, como qualquer outra instituição, também se apoderou dessa ferramenta para fazer desde campanhas, até para promover ações sob a bandeira de vários partidos.

Foi dessa forma que Barak Obama tornou-se presidente, usando as ferramentas tecnológicas como veículos de proliferação de suas propostas.

No outro lado da balança se encontram as religiões, muitas delas construindo impérios e captando fiéis, independente de suas linhas de pensamento. Diversos de seus seguidores utilizam essa ferramenta como instrumento para pregarem e trazerem ainda mais adeptos, fortalecendo seus propósitos e recheando seus cofres.

Os esportes também se valem do Facebook para promover ídolos, endeusar clubes e fazer a riqueza de muitas empresas desse segmento, desde as que fornecem simples chaveiros até as que vendem vistosos uniformes a preços exorbitantes.

O mundo das corporações sabe como ninguém como usar essas ferramentas, o universo capitalista dá o tom da música que muitos acabam entoando, manipulando o consumidor. Mas, da mesma forma que os senhores do dinheiro usam esses recursos para promover, os avessos ao sistema proliferam ideias revolucionárias, organizam ações coletivas e ainda derrubam ditadores, inimigos e corporações graças à força das redes sociais.

Como se pode ver, o Facebook, assim como as demais redes sociais são verdadeiros caldeirões nos quais são jogados ingredientes que podem alimentar “a fome” de muitas pessoas. São como um grande shopping no qual as pessoas se colocam em vitrines fornecendo informações das mais diversas, que permitem o assédio de empresas e pessoas com diferentes propósitos, e ali permanecem em exposição para serem observadas, analisadas e, em muitos casos, perigosamente manipuladas.

São comuns os casos de informações falsas que circulam nessas redes, tornam-se virais e desencadeiam comportamentos dos mais diversos. Nas redes como o Facebook você pode ser enganado, explorado, roubado e usado de várias formas, bastando um clique. Uma pessoa pode não ser quem ela diz ser, outras podem nem existir e muitas, revelam seu alter ego e vivem um mundo paralelo à realidade, regado de mentiras e fantasias.

Para um assombroso número de pessoas o Facebook tornou-se um apêndice de suas vidas, permitindo uma segunda, terceira, quarta ou sabe-se lá quantas existências. Essas pessoas passam a integrar grupos com interesses afins e a viverem em bolhas moldadas de formas utópicas nas quais podem entrar ou sair desses mundos na hora e da forma que bem quiserem.

Embora as redes sociais permitam fazer novas amizades reais ou virtuais, elas também afastam as pessoas ao seu redor, as relações próximas tornaram-se etéreas e as pessoas deixam de dar importância àqueles de seu entorno, assim, muitos trocam suas vidas reais pela fantasia dos jogos, pela ilusão de possuir um imenso número de amigos que, na imensa maioria dos casos, vão tão fácil como vieram.

É preciso saber os limites e não se entregar de forma alucinada às armadilhas que possam existir. É fundamental entender que as redes sociais são instrumentos de comunicação; portanto, devem ser nossas aliadas e não nos deixar alienados, reféns de suas arapucas. Na vida real somos vistos por centenas e até milhares de pessoas, mas nas redes sociais como o Facebook, estamos expostos a milhões e até bilhões de pessoas, desde àquelas que possuem as mais nobres intenções, até as que têm a palavra escrúpulo, como um mero verbete escrito no dicionário.

 



por Egidio Trambaiolli Neto

Prof. Egidio Trambaiolli Neto - Diretor-Presidente da Editora Uirapuru, autor de 643 obras literárias, o segundo autor mais prolífico do mundo na atualidade e décimo oitavo na História da literatura mundial. Autor por 12 editoras, com obras publicada(...)