Muitas vezes, somos obrigados a evitar problemas com as pessoas com a qual convivemos, mas, em alguns casos, não sabemos dimensionar um problema e viramos refém da situação.
Imagine uma criança que sofre bullying na escola por sua cor, raça, pelo tipo de cabelos, por usar óculos, por estar acima do peso… Enfim, por tudo que contrapõe ao que reza nossa constituição, e decide se esconder atrás de uma personalidade que não é a sua. Pode soar estranho, mas essas ações discriminatórias nas escolas são bem mais comuns do que se imagina.
Quem nunca lidou com os fakes, perfis falsos da Internet de pessoas que querem ser diferentes do que são? Garotas que se exibem como modelos e homens que se idealizam como deuses gregos? Muitas vezes tais comportamentos estão associados à aceitação social e pessoal, à forma de como essas pessoas gostariam de ser e de serem vistas perante aos olhares de eventuais admiradores.
Infelizmente isso acontece por causa dos modelos de beleza que são ditados pela mídia e pela moda. É óbvio que a beleza não é algo mensurável, mas as velhas fórmulas de concursos de beleza ditam regras e fazem a diferença na hora de se estipular falsos padrões. Tanto que ao vencer o título de Miss Universo em 2011, a angola Leila Lopes transformou-se em alvo da ignorância de um punhado de preconceituosos.
É preciso lembrar-se de que boa parte da mídia está sob controle dos homens ocidentais que eternizam a presença de modelos esculturais e bronzeadas em propagandas de bebidas, carros e xampus. São eles que impõem a presença de dançarinas com corpos bem modelados em programas de auditório, que valorizam as magérrimas nas passarelas de moda e consagram as negras de pele mais claras como as grandes musas do carnaval e do samba.
Infelizmente, esse tipo de formatação de padrões de beleza acaba interferindo na opinião pública e a vitória de uma negra africana vira motivo de surpresa e de manifestações de racistas e genocidas.
Se voltarmos alguns séculos no passado, veremos que o modelo da mulher ideal era outro, valorizava aquelas que tinham alguns quilogramas a mais. Basta ver nos quadros do período vitoriano, quando as mulheres extremamente pálidas e com barriguinhas salientes dominavam as telas de muitos artistas europeus. Naquela época acreditava-se que tal forma física dava maior resistência na hora do parto, o que acabou se transformando em uma obsessão para os artistas renascentistas: representar a mulher ideal de acordo com os padrões da época.
Hoje a cobrança por uma estética da moda é muito maior do que no passado. A invasão dos mangás estimulou o alisamento dos cabelos, no estilo oriental, fomentando a onda das chapinhas, inclusive entre os homens, o que acabou por fazer com que muitos acabassem se deixando levar pelo modismo, alisando os cabelos para entrar na onda, não se preocupando pelo fato de que os cabelos alisados ficavam, segundo os especialistas, em desarmonia com o formato natural do rosto. Porém, recentemente começou a valorização dos cabelos crespos, no estilo black-power e dos cachos, contribuindo para a recuperação da autoestima daqueles cujos cabelos carregam a imagem de uma luta e um quê angelical.
Como se pode notar, os modelos de beleza são frágeis e mutantes, mas possuem um poder momentâneo na sociedade a ponto de serem excludentes, minando a autoestima de muitas pessoas, a ponto de levar muitas pessoas à depressão, conduzindo-as a conviver com o bullying por estereótipos e, fragilizadas pelo sofrimento. É por essa razão que muitas pessoas, adquirirem uma identidade falsa para fugir dos padrões que a sociedade cria, vivendo uma vida artificial e vazia, sendo quem não é.