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TOLERÂNCIA – Palavra Ingrata

em terça-feira, 23 de maio, 2017

A palavra tolerância está associada à ideia de suportar, aguentar. Quem nunca ouviu a frase: “Eu não vou tolerar mais essa atitude”?

Se a palavra é tão ingrata, por que então a usamos quando o assunto é a discriminação e as agressões a nordestinos, negros, índios, homossexuais, mulheres, seguidores de religiões de matrizes africanas? Por acaso, essas vítimas têm de suportar essas pessoas rancorosas, como se fossem um ser humano… semelhante? Definitivamente, não!

Não importam as aparências ou escolhas, somos todos humanos

Socialmente somos levados a conviver com elas com a consciência de que são seres humanos iguais a nós, pois a palavra semelhante também é um tanto quanto ingrata, discriminativa, pois se é semelhante, isso significa que se parece, mas não é igual!

Para piorar, o dinheiro muitas vezes torna-se o termômetro da convivência, pois também há, e muito, preconceitos com os pobres. Há vários casos de famílias que não admitem que seus filhos convivam e envolvam-se com pessoas economicamente menos favorecidas; para os mais abastados, essa convivência sempre existirá em função de interesses financeiros por parte daqueles que não possuem bens. O que isso prova? Que o dinheiro é o termômetro para a aceitação familiar, em especial, por parte dos mais ricos que vivem em um mundo diferente da realidade dos menos favorecidos.

Fã descontrolada faz apelo sexual. Fonte – https://jornaloexpresso.wordpress.com/2011/11/22/maria-chuteira-super-sincera/

Mas essa atitude não é exclusiva dos ricos, basta-nos lembrarmos das marias-chuteira; elas vão aos estádios e campos de treinamento atrás de craques consagrados e atletas com carreiras promissoras, muitas vezes até, de meninos menores de idade. Sim, não importa se o craque veio da periferia, da favela, se é branco, negro, nordestino, feio ou bonito. O importante é o dinheiro que eles têm ou virão a ter no futuro, a pensão que elas poderão receber se conceberem um filho com aquele ídolo é a motriz da sedução! E pouco importa se eles as traem, muitas vezes o dinheiro nessas condições compra o perdão ou a traição, torna-se um álibi para uma extorsão.

Os atletas, por sua vez, entram em um mundo regado de luxo e de lixos, desfrutando de questionáveis prazeres, de orgias, das drogas… porque, muitos se acham deuses, se comportam como tal e a mídia cuida da edificação de seus templos regados de beldades travestidas de beatas que toleram todos os rótulos que lhe dão pela admiração ou, principalmente, pelo dinheiro.

O piloto Lewis Hamilton tem fama de mulherengo e não hesita em aproveitar-se da fama e do dinheiro para conviver com beldades. – Fonte desconhecida.

Mas a intolerância não é unilateral, ela é uma via de duas mãos. Quem nunca ouviu pessoas que não nasceram em berços esplêndidos dizerem: “Eu odeio burguês!”? Alguns por convicções políticas ou sociais e experiências desagradáveis, mas muitos por mera imposição do meio de convívio, pelos estereótipos criados e impostos como regras, os preconceitos de proveta. Contudo, para esses últimos, basta mudarem de lado para alterar o discurso, alegando que o passado serviu de aprendizado e que não se esqueceu das raízes… Uma argumentação vaga e conveniente, não é?

O limite da razão é instável, socialmente usam o dinheiro como linha de corte. Para muitos, a fé move montanhas e para outros o dinheiro remove preconceitos e, pasme, dissolve a intolerância. É como muitos dizem: cada um tem seu preço. E outros, que é a lei da oferta e da procura. Sim, vira um empreendimento! Em muitos casos, o casamento com a celebridade é sustentado por um contrato entre as partes. Mas, claro, e se o relacionamento contratado não dá certo? Bom, a culpa está nas origens, na cor da pele, na opção sexual, na religião, na preferência política, na religião e, até no time para que torce… Nunca culpam seus interesses pessoais, as tentativas de se dar bem usando a celebridade.

Eliza Samúdio (assassinada) e o Goleiro Bruno (mentor do crime) – Fonte: Facebook/Reprodução

Se entrarmos no âmbito das amantes, aí o problema se propaga ainda mais, muitas pessoas já entram no jogo pensando em tirar proveito da relação, daí para uma polêmica ou alguma ação criminosa, o caminho é bem curto. Há muito em jogo e o limite da razão é extrapolado. Como o caso do goleiro Bruno.

A que ponto nós chegamos? Não, não chegamos: continuamos! Se no passado os casamentos de interesses entre nobres e membros de uma mesma família ou concretizado por dotes era uma prática comum; hoje, quem tem dinheiro documenta o casamento em um contrato de risco e, por que não dizer: de tolerância.

Essa é a nossa sociedade! Não seria de se espantar se no futuro fosse instituída uma tabela de preço para os bons partidos! Algo como: jogadores de seleção custam mais caros que os colegas do clube dos não convocados de seus clubes, que são mais caros que outros colegas da segunda divisão, que têm valor um maior do que os colegas da terceira divisão e assim sucessivamente… Alguns até receberão luvas para entrarem em um relacionamento… no lugar de preservativos!

Apesar do uso da palavra Tolerância e Intolerância, é preciso entender que a exclusão por aparência, escolha ou orientação é um ato primitivo.

Sim, meus amigos, a tolerância é uma imposição social legalizada, por isso, tem esse nome, há leis que tentam colocar mordaças nos intolerantes, mas também há aqueles que se sentem no direito de clamar pela liberdade de expressão para poder ofender, criticar, condenar… e isso vira discurso político! Nossa! Como somos primitivos! Em um país em que a Educação não é prioridade, é preciso criar leis para que os intolerantes se aquietem. Como somos primitivos! Basta pensar um pouco: num banco de sangue o material a ser doado para salvar uma vida não vem com rótulos dizendo se o doador é um negro, um índio, um homossexual, um pobre. E o mesmo acontece nos bancos de órgãos.

Aí cabe uma pergunta: será que essas pessoas que têm de tolerar o próximo, se arriscarão a rejeitar o sangue ou o órgão doado quando a própria vida ou de um ente querido pode ser salva por um doador que até então, para eles, era desprezível e pertencia ao que chamam de “escória da sociedade”? Obviamente, não! É a diferença entre ser como somos e no fundo ter 23 cromossomos.

Pois é, a Ciência prova: como somos primitivos!



por Egidio Trambaiolli Neto

Prof. Egidio Trambaiolli Neto - Diretor-Presidente da Editora Uirapuru, autor de 643 obras literárias, o segundo autor mais prolífico do mundo na atualidade e décimo oitavo na História da literatura mundial. Autor por 12 editoras, com obras publicada(...)